quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MARICULTURA

Foto Marcos Porto / Agencia RBS


Empresa de Porto Belo investe no cultivo de vieiras
Projeção é oferecer 10 mil moluscos por mês para atender ao mercado

 Em meio à imensidão do mar, uma porção de terra se levanta em forma de ilha. Próximo da praia ou já navegando pelas águas, barcos e lanchas enchem a baía, transformando a paisagem em uma mistura do moderno e do rústico.
O molusco, que se assemelha fisicamente à ostra, já é conhecido da alta gastronomia, considerado uma iguaria fina e sofisticada na culinária de diversos países. Criar o animal de forma adequada, porém, é tarefa tão complexa que o cultivo existente em Porto Belo é um dos únicos do Brasil.
 
Para cultivar as vieiras é preciso controle da salinidade e temperatura, profundidade e ph da água adequados: tudo o que se encontra nas proximidades da Ilha de Porto Belo.
A ideia surgiu da cabeça de Sidnei Torres Pedroso e Alexandre Alves Neetzow, dois gaúchos que se apaixonaram pelas praias de Santa Catarina. Os amigos se juntaram a uma terceira sócia, a colombiana Olga Forero Barrion, e o projeto Vieiras de Porto Belo começou em 2010.

Nos dois primeiros anos de trabalho, toda a dedicação foi para aperfeiçoar as técnicas do cultivo, justamente pelas difíceis condições da produção.
- Com esse período de aprimoramentos, oferecemos a partir de agora um produto perene ao mercado - diz Alexandre.
A produção mensal de vieiras prevista para o primeiro ano de operações chega a 10 mil moluscos, e todos têm como destino a comercialização. A criação é feita todos os meses e começa com a pré-semente da vieira, de 1mm, adquirida do Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC.

Os animais chegam em bolsas de água, que são colocadas no mar por 30 a 40 dias. Nesse período, as vieiras alcançam 1cm de diâmetro, e aí são transferidas para caixas, onde também permanecem de 30 a 40 dias, crescendo para 2 ou 3cm.
A partir desta etapa, os animais entram nas chamadas lanternas - uma espécie de cilindro feito com malhas de larguras variáveis que fica na água, preso ao longo de linhas estaqueadas no fundo do mar e suspenso por boias marítimas - onde aumentam de tamanho até atingir no máximo 9,5cm. Tudo no meio do mar, onde só se chega com pequenos barcos.

Objeto de estudo
No manejo trabalham diariamente quatro pessoas; Sidnei, dois engenheiros aquicultores e um técnico em aquicultura. Todo o trabalho é também catalogado, registrado e acompanhado pela universidade federal, que uma vez por semana vai a Porto Belo fazer estudos e trabalhos de campo com alunos de graduação, pós e mestrado.
Do início do cultivo até chegar ao ponto mínimo de comercialização na Vieiras de Porto Belo (7 a 8cm), demora um ano, e para atingir o tamanho máximo (9 a 9,5cm) são mais seis meses. Além de todo o trabalho manual, o investimento também é grande. Desde 2010 já foram aplicados cerca de R$ 400 mil no projeto e o custo mensal do cultivo gira em torno de R$ 25 mil.
 
Impulso para o turismo gastronômico

Em uma área repleta de atrativos turísticos como o Litoral Norte, a gastronomia também ganha destaque e cada vez mais é procurada por visitantes de todo o mundo.
O Costa Esmeralda Convention & Visitors Bureau, que abrange os municípios de Bombinhas, Itapema e Porto Belo, acredita que o Vieiras de Porto Belo vai alavancar ainda mais o turismo local. A empresa de cultivo já está atendendo, mas o lançamento para o grande público ocorre em um workshop na 5ª edição da Semana Internacional de Gastronomia da Costa Esmeralda, que ocorre de 22 a 29 de setembro.
- Para nós é muito interessante que um produto dessa qualidade esteja em Porto Belo. É uma iguaria conhecida no mundo, servida nos melhores restaurantes do Brasil, que estamos mostrando que existe aqui, fresca, pronta para servir e atender o mercado - diz o presidente do Costa Esmeralda Convention, Sylvio Gums.
A ideia no futuro é transformar as Vieiras de Porto Belo em uma marca referência para a cidade, beneficiando o setor turístico e os restaurantes da região.

Público alvo

No mercado gastronômico, a Vieiras de Porto Belo oferece dois tamanhos de produtos: o standard, que tem entre 7 e 8cm, e o premium, com 8,5 a 9,5cm. O cliente alvo é o chef e também os eventos de harmonização.

- Nosso produto é de alta gastronomia, é caro. Aqui em Santa Catarina temos excelentes vinícolas. Um dos objetivos é trabalhar essa harmonização com os vinhos, buscar eventos sociais, restaurantes - comenta Alexandre.

Sabor único

A vieira tem duas partes comestíveis, o músculo e as gônadas (órgãos sexuais), que são utilizadas das mais variadas formas na cozinha. Quem prova o alimento, não encontra palavras exatas que descrevam o sabor.
- A gente come vieira e diz: isso tem gosto de vieira. O sabor é único, com textura delicada, gosto suave e sabor levemente adocicado no final - explica o empresário.
(Do O SOL DIÁRIO - www.soldiario.clicrbs.com.br)

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