quarta-feira, 22 de julho de 2015

LAGOA DA CONCEIÇÃO, EM 1900!

Foto: Casa da Memória de Florianópolis.
LAGOA DA CONCEIÇÃO - LESTE DA ILHA DE SC

"A população da Lagoa, que monta a 3.450 almas, é das mais laboriosas que conhecemos: cultiva, além das plantas já mencionadas, o café, a uva, o algodão; fabrica aguardente, açúcar, melado; exporta para a capital alhos, cebolas, amendoim, gengibre, etc. Outrora cultivava em grande o linho, sobretudo o linho galego e donzelo, que era aí mesmo tecido em teares rudimentares e primitivos. 
Estes aparelhos, atualmente arcaicos, mas cuja descrição vale a pena de ser conhecida e a qual faremos oportunamente quando tratarmos das indústrias têxteis e outras — ainda hoje funcionam, nesta como em muitas outras freguesias e arraiais. E é neles que se fazem os tecidos comuns de algodão, branco ou a cores, utilizados para toalhas, guardanapos, colchas, etc., e os chamados riscados que são vendidos em "cortes", e de que se vestem os roceiros em geral. Fabricam também os lagoanos belas toalhas de linho, mas em escala limitada. Destes tecidos há em toda a Ilha e no continente uma interessante e profusa variedade, como veremos na segunda parte desta obra".

 "Entra-se a descer o morro, por onde a estrada coleia num leito de barro vermelho, pedregoso e cortado de córregos murmurantes e cristalinos até quase ao fim da encosta, onde assenta a sede da freguesia, composta de um grande largo gramoso ao fundo do qual está a pequena igreja consagrada a nossa Senhora da Conceição, com o seu adro amplo e bem calçado, a cuja frente se ergue o alto cruzeiro de madeira pintado de negro. 
Acham-se alinhadas em volta as principais casas do povoado, algumas envidraçadas e assobradadas, todas em geral caiadas e de um só pavimento, vastas e bem edificadas como obras antigas, que são, e onde habitam os mais abastados agricultores do lugar. Nessa igreja celebra-se anualmente uma festa que atrai muita gente da capital e dos lugarejos vizinhos, trazendo movimentada e em alegria, durante uma semana, a população da freguesia, que se diverte expansivamente, às noites, desde às vésperas até ao dia, em bailes e fandangos seguidos. A festa é a da padroeira do sítio e realiza-se a 8 de dezembro".

( Do livro "Santa Catarina: a ilha" (1900), de Virgílio Várzea.)


Colaboração do José Luiz Sardá

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